quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pântano


"Desvairado a percorrer vastos lodaçais, 
E vales enegrecidos por vagas flores, 
Pululantes variações das negras cores 
Que jazem nas pétalas e nos minerais; 
Enlouquecido a perscrutar cada jazida 
Da mais repugnante sordidez que envenena 
E aos poucos torna a alma uma brisa amena, 
Um vapor melancólico que encerra a vida; 
Sonâmbulo a caminhar sobre a fluida lama, 
Recolhendo os vestígios de outrora vivência, 
Qual monge budista, com branda paciência, 
No lodo sufocante que o tédio inflama. 
Assim vai minha alma, sombria e decadente... 
Pelos lodaçais das esperanças malditas, 
Pelos campos lodosos, de angústia e desditas, 
Sórdidos pantanais da criação fremente. 
Conduzida pelas mãos da eterna loucura, 
Nos pântanos da melancolia naufraga, 
E vê minha vida fluir de forma vaga, 
E sente a minha morte, a solene ventura." 

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