"Desvairado a percorrer vastos lodaçais,
E vales enegrecidos por vagas flores,
Pululantes variações das negras cores
Que jazem nas pétalas e nos minerais;
Enlouquecido a perscrutar cada jazida
Da mais repugnante sordidez que envenena
E aos poucos torna a alma uma brisa amena,
Um vapor melancólico que encerra a vida;
Sonâmbulo a caminhar sobre a fluida lama,
Recolhendo os vestígios de outrora vivência,
Qual monge budista, com branda paciência,
No lodo sufocante que o tédio inflama.
Assim vai minha alma, sombria e decadente...
Pelos lodaçais das esperanças malditas,
Pelos campos lodosos, de angústia e desditas,
Sórdidos pantanais da criação fremente.
Conduzida pelas mãos da eterna loucura,
Nos pântanos da melancolia naufraga,
E vê minha vida fluir de forma vaga,
E sente a minha morte, a solene ventura."
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